No final do primeiro capítulo do livro, Gadotti diz que:
— Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marqueteiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber, não o dado, a informação, o puro conhecimento, porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Por isso, eles são imprescindíveis.
Você concorda com esta afirmação?
- A partir da sua leitura, compartilhe com a gente aqui no fórum uma passagem que você encontrou e comente sobre como a visão de Gadotti se relaciona com sua própria experiência e percepção do papel docente?
- Para você, o que significa ser professor hoje, considerando os desafios e oportunidades do século XXI?
Eu destaco essa frase: Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores.
Concordo com o texto na íntegra e com a frase escolhida.
Não existe um mundo sem educadores e nem nunca poderá existir.
Os educadores são nobres, tanto são que Gadotti os compara a Sócrates.
Ele também fala sobre vivermos com consciência e enfrentarmos os desafios.
Amélia, e como a visão de Gadotti se relaciona com tua própria experiência e percepção do papel docente?
Minha trajetória como professora começou ainda na faculdade de letras, durante os estágios em escolas públicas. Nessa fase, vivi uma mistura de emoções: a paixão pela profissão e a decepção ao presenciar o descaso de alunos e professores. Tendo sido aluna de escola pública, já tinha percebido a falta de motivação de muitos professores, resultado de baixos salários e péssimas condições de trabalho.
Quando me formei e passei a ser professora, o desânimo se intensificou, pois não queria transformar minha paixão em pesadelo. Assim, escolhi lecionar em escolas de idiomas, onde encontrei um ambiente mais adequado para aplicar minhas habilidades e ensinar inglês. Enfrentei e continuo enfrentando desafios com alunos de todas as idades, em diferentes modalidades de ensino, idades e locais, como Brasil e Canadá. Apesar dos desafios, a satisfação de ser professora sempre superou as dificuldades, e tenho muito orgulho da minha escolha.
No final do primeiro capítulo, Gadotti afirma que ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade. Ele enfatiza a importância dos educadores na formação de pessoas e na construção de um mundo mais justo, produtivo e saudável. Concordo plenamente com essa visão. Como Gadotti menciona, os educadores são verdadeiros "amantes da sabedoria" e filósofos que constroem sentido para a vida das pessoas, muito além de apenas transmitir informações.
Uma passagem que se identifica bastante comigo é: "Eles fazem fluir o saber, não o dado, a informação, o puro conhecimento, porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Por isso, eles são imprescindíveis."
Essa visão se conecta diretamente com minha experiência. Quando optei por ensinar em escolas de idiomas, percebi que meu papel ia além de simplesmente ensinar inglês. Eu estava ajudando a construir sentido na vida dos meus alunos, seja proporcionando-lhes melhores oportunidades de trabalho, acesso a culturas diferentes ou simplesmente aumentando sua autoestima por aprenderem uma nova língua.
Ser professor hoje, no século XXI, significa enfrentar desafios e aproveitar oportunidades únicas. A globalização e a tecnologia mudaram a dinâmica da educação, trazendo novas ferramentas e métodos de ensino. No entanto, também trouxeram desafios como a necessidade de constante atualização e a adaptação a diferentes contextos culturais e educacionais.
O maior desafio continua sendo a valorização da profissão. Apesar das dificuldades, o papel do professor é essencial para a sociedade. Precisamos continuar lutando por melhores condições de trabalho e reconhecimento, ao mesmo tempo, em que nos adaptamos às novas demandas educacionais.
O livro de Gadotti reafirma minha crença na importância da educação e do papel transformador do professor. A educação é a chave para um futuro melhor e mais justo, e ser professor hoje é, sem dúvida, um privilégio e uma responsabilidade. Cada desafio enfrentado é uma oportunidade de crescimento, e a satisfação de ver meus alunos progredirem é incomparável. Portanto, apesar das adversidades, ser professora é uma escolha que faço com orgulho e paixão.
Que boniteza de comentário, Cinthia! Essa mistura de sentimentos entre “a paixão pela profissão e a decepção ao presenciar o descaso de alunos e professores” é uma realidade que faz muitos profissionais desistirem da profissão. Eu não os condeno, sabe? Mas vejo um grande espaço para os professores na Era Digital. Como tu vês o espaço que professores estão ocupando nas redes sociais e nas plataformas digitais, alguns deles se transformando até em “mega influenciadores” com milhares de seguidores?
Só comecei a ler o livro e já encontro diálogo com ele, que instigante! Vou trazer aqui as reflexões que já fiz e que se alinham ao seu questionamento.
Gadotti começa falando em "Por isso coloquei um título que fala de
sonho e de sentido. ““Sentido” quer dizer “caminho não percorrido”, mas que se deseja percorrer, portanto significa projeto, sonho, utopia." Compreendo que aprender e ensinar com sentido é aprender e ensinar com um sonho na mente; e a pedagogia deve servir de guia para realizar esse sonho.
Estou inserida em grupos de professores e quando vejo algumas coisas acontecendo percebo que nem todos veem a pedagogia como "sentido". Penso que está faltando o que é dito no livro: [...] em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com o agora, que em lugar desta viagem constante ao amanhã, se atrelem a um passado de exploração e de rotina. (FREIRE apud BRANDÃO, 1982, p. 101).
Compreendo que ele quer dizer que estão todos olhando para o presente, de exploração de rotina (não a do passado que Freire temia) e com isso não olham para o futuro e o resultado do que plantam hoje. Perdemos o sentido do que fazemos
Mas apesar desta parte negativa que a profissão de professor está atrelada, vem Gadotti e lança a questão “Por que sou professor?”. E quando eu li esta pergunta eu sorri, pois no fundo é a utopia e o sonho de mudança que me impulsiona, por isso sou professora!
A educação deve existir e não apenas para aprender a ler, escrever, fazer contas. A educação serve ao objetivo maior de criar pessoas questionadoras, incomodadas com a dura realidade e protagonistas de mudanças.
Mas diante de tantos desafios, é fato que ser professor é se reinventar, é andar em paralelo às mudanças compreendendo-as e buscando se refazer, Gadotti nos traz que “Diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em constante mudança, o papel do professor vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação, que se tornou permanentemente necessária.” Constatando este fato, só nos cabe continuar aprendendo e enfrentando estes novos desafios, para que continuemos a encontrar sentido em ser professores.
Quanta verdade, Adriana!
O livro nos faz (re)pensar nos diferentes aspectos da nossa profissão, de forma crítica e esperançosa ao mesmo tempo, não é?
Concordo quando dizes que “o aluno agora é o protagonista, sujeito da sua própria formação” e por isso mesmo, acredito que os professores também precisam ser protagonistas da sua prática, da sua formação e da sua carreira.
Como vês o protagonismo dos professores?
As colegas trouxeram boas visões do que é ser professor hoje em dia. Ao ler as partes do livro que escolhi fiquei até emocionada. Já participei de dezenas de formações e ficam eternamente nos perguntando o que é ser professora? por que ser professora? Sinceramente já estava cansada dessa conversa e inclusive anestesiada. Entrei em uma vibe de insatisfação e frustração, pois ao longo de 22 anos de sala de aula optei por ir me enrijecendo. Mas no fundo não desisti. E hoje, lendo esse texto me veio à consciência isso: eu não desisti, ainda penso em ajudar a construir um mundo melhor e espero que a minha forma de ver a vida e me posicionar ante ela sirva para que de alguma forma os meus alunos percebam que há outras formas de viver e se comportar. Pois independente do que qualquer autor, ou intelectual ou estudioso diga, o que nos faz falta é sermos humanos e o que ansiamos é esse mundo no qual nós possamos simplemente voltar a ser humanos. Então, para mim, ser professora atualmente é não desistir de ser humana e de inspirar nossos alunos e as pessoas ao nosso redor a serem seres humanos.
Então destaco a seguinte passagem "A mercantilização da educação é um dos desafios mais decisivos da história atual, porque ela sobrevaloriza o econômico em detrimento do humano" para lembrar que seres humanos não estão a venda, não são mercadorias, não podem ser desvalorizados e que uma educação de verdade inspira o ser humano para o bom, o belo e o justo, o que não combina com uma educação voltada para o lucro. Educar é despertar o ser para que ele seja, seja a mais bela criatura que ele pode ser.
Obrigada pela boniteza dessas palavras, querida Elisiany!
Quando escolhi esta leitura, escolhi justamente por que eu sei que o autor vai além dos clichês das centenas de formações de professores, muitas vezes oferecidas por empresas privadas que contratam pessoas que nunca entraram em uma sala de aula, né? Inclusive ele mesmo critica esse tipo de formação no livro.
Grata querida, mas o texto é realmente inspirador.
Resposta 1
Minha experiência como professora tem influência já desde quando começei a ir a escola. Alguns dos professores influenciaram na minha formação tanto como ser humano e mostrar a beleza que estava por trás do aprender com profundidade. Como tem marcado o que esses professores tem ensinado para mim. Sempre pensei e penso até hoje como poderia ensinar como eles me ensinaram a enxergar o uso do conhecimento adquirido para contribuir na sociedade. Foi um modelo para mim.
Quando me formei em Licenciatura e Bacharelado em ciências biológicas, e comecei lecionar de verdade, fiquei um tanto assustada com a realidade de muitos alunos e professores, e ao mesmo tempo me senti inútil por conta de que não estava preparada para esta realidade. Mas conforme a ajuda de muitos professores empenhados mesmo com poucos recursos, era possível sim fazer um milagre!
Enfim hoje estou atuando na área que não tenho formação mas o ensino vem me cativando graças a esssa experência e percebi que inspiro meus alunos também. E aqui quero compartilhar um trecho que me identificou muito com que o Gadotti cita:
"numa mensagem deixada por um prisioneiro de campo de concentração nazista: ...ele pede aos professores que "ajudem seus alunos a tornarem-se humanos", simplesmente humanos. E termina: "ler, escrever e aritmética só são importantes para fazer nossas crianças mais humanas."
Talvez esteja aí a chave para entender a crise que vivemos: perdemos o sentido do que fazermos, lutamos por salário e melhores condições de trabalho sem esclarecer à sociedade sobre a finalidade de nossa profissão, sem justificar porque estamos lutando.
Resposta 2:
Mais uma vez na citação do Gadotti:
As novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento, Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos,
Acredito e concordo com o Gadotti que o professor de hoje é mais um mediador de conhecimentos, onde o aluno que é o personagem principal da própria formação. Gadotti cita que não se pode confundir mediador com facilitador, pois as máquinas, os meios, os computadores, são facilitadores. O professor é dirigente, mais do que um facilitador, é um problematizador; sua função é politic-pedagógica. O aluno precisa construir e reconstruir conhecimento a partir do que faz. Para isso, o professor também precisa ser curioso, buscar sentido para o que fazer dos seus alunos.
Por fim quero me tornar uma professora "intermulticultural": capaz de investigar, de ser flexível e de recriar conteúdos e métodos, capaz de identificar e analisar problemas de aprendizagem e de elaborar respostas à diferentes situações educativas vivendo intesamente com consciência e sensiblidade.
Meiry querida, tocaste em um ponto que eu considero muito importante na nossa luta por uma educação de qualidade, que seja libertadora e que valorize a nossa profissão: a falta de esclarecimento à sociedade sobre a nossa profissão e a nossa luta.
Nós não aprendemos a nos posicionar e nem nos valorizarmos como profissionais. Sempre foi assim, mas com as tecnologias que criaram novos espaços de conhecimento, também a necessidade de saber comunicar para poder se posicionar e se apropriar desses espaços é urgente para a formação docente.
Enquanto educadores experientes e especialistas se fecham nos seus mundos e até se negam a se posicionar nas redes, milhares de pessoas sem formação assumem o nosso papel na Era Digital. Como vês esta situação?
Ser professor de adultos, para mim, sempre foi uma troca de experiências gigantes, porque as pessoas chegam, cada um com sua bagagem, à qual somam-se os novos conhecimentos que eu entrego. Quando partem levam o que aprenderam, e deixam muito comigo.
Para ensinar, seja dança, artes, ou psiicologia, semprei apliquei os princípios da andragogia - a arte de ensinar aos adultos: experiência, prontidão e foco na vida real, aplicação e engajamento da aprendizagem e motivação.
Atualmente vejo que professores de adultos precisam atuar mais como mentores e guias, orientando os alunos não apenas academicamente, mas também em suas escolhas de vida e carreiras. Isso requer uma compreensão das necessidades individuais dos alunos e a capacidade de fornecer orientação personalizada.
Em um mundo marcado por desigualdades e
injustiças, os professores têm a oportunidade de atuar como agentes de mudança
social. Eles podem promover a conscientização sobre questões sociais,
ambientais e políticas, incentivando os alunos a se tornarem cidadãos ativos e
engajados em qualquer idade e ´profissão onde atuem.
Na minha área de ensino, psicologia e artes, vejo muito necessáriio o desenvolvimento de competências emocionais nos dias de hoje.
Destaquei muitos pontos do livro que corroboram para minha visão e prática de ensino: um deles.
"A esperança, para o professor, a professora, não é algo vazio, de quem “espera” acontecer. Ao contrário, a esperança para o professor encontra sentido na sua própria profissão, a de transformar pessoas, a de construir pessoas, e alimentar, por sua vez, a esperança delas para que consigam, por sua vez, construir uma realidade diferente, “mais humana, menos feia, menos malvada”, como costumava dizer Paulo Freire. Uma educação sem esperança não é educação."Eu ainda acrescentaria: que a arte tem o poder de transformar o feiio da vida em poesia e beleza, em alegria e amor; a arte enaltece o humano, eleva o espírito e iguala, dissovendo as diferenças. Infelizmente, a arte foi elitizada, mal compreendida e, por fim, marginalilzada! Desse modo , foi suprimido da educação global, o conhecimento das artes, o que lamentavelmente enrigeceu o ensino, ressaltando o raciocínio lógfico em detrimento do sentimento e criatividade.
Eu me pergunto porque não os dois? Como teria sido se as artes tivessem lugar nos currículos escolares até o final da formação?
Eu também gosto muito dessa troca que existe na formação de adultos, sabe, Ana? Acho que foi por isso que deixei a escola formal bem cedo 😊
Sobre a tua pergunta, eu acho que incluir artes, música, teatro e cultura popular (que é a história de cada povo!) nos currículos seria uma excelente maneira de formar pessoas mais criativas, tolerantes, empáticas e mais preparadas para a vida em sociedade.
Não é de se espantar que nas escolas de elite essas disciplinas estão integradas aos currículos, né? E, quanto mais elitista é, mais essas disciplinas estão presentes...
Eh, Meire, ser professora atualmente é ser heroína todos os dias, pois temos que ver além do que estar na nossa frente, ter fé em que nosso trabalho trará resultado e ter coragem para não desistir.
Olá Elisiany!
Sim, todo dia parece ser uma luta para alguns professores, mas não podemos deixar no esquecimento que tudo isso tem um propósito para ambas as partes. E acredito que como Gadotti cita:
O novo professor é um profissional que aprende em rede (ciberespaço da formação), sem hierarquias, cooperativamnente.....
Por isso , o novo professor precisa desenvolver habilidades de colaboração (trabalho em grupo, interdisciplinaridade), de comunicação (saber falar, seduzirf, escrever bem, ler muito), de pesquisa (explorar novas hipóteses, duvidar, criticar) e de pensamento (saver tomar decisões).
Será que fez sentido para você também?
Meyre, conheço a passagem que você citou.
Concordo plenamente, precisamos de seres humanos.
Beijo
Eu amei tudinho, mas vou citar:
"Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciencia e sensibilidade, ... construir sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscar, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos."
"O professor precisa hoje adequar sua funçao, ensinar, educar no mundo globalizado, até para transformar profundamente o medelo de globalização dominante, essencialmente perverso e excludente."
"O professor precisa ser capaz de criar conhecimento. Precisa lutar contra a exclusão social, ser animador de grupos, organizar o trabalho e a aprendizagem dele e dos alunos..."
.
Ser professor hoje é, ou deveria ser, ser o maestro do aprendizado, não apenas um funcionário transmissor de conteúdos didáticos, mas um formador de um ser Humano sintonizado com o planeta, o meio ambiente, a coletividade. Que ensine com amor e emoção para envolver o aluno com o desejo de aprender e mudar o mundo. O próprio mundo pessoal, o da comunidade em que vive e o planetário.
Bem, de alguma forma, mesmo antes de me apaixonar por Paulo Freire (Gratidão também por isso, Leila!), eu venho praticando isso. Em meus cursos de fitoterapia ensino as pessoas a serem agentes promotores da própria saúde. Sempre enfatizo a questão do respeito à Natureza (ela nos presenteia com as ervas medicinais), e do compartilhar conhecimentos tradicionais, porem, validados por estudos cinetíficos.
Amo ensinar e meus alunos sentem isso e acredito que aprendem mais por esse envolvimento.
A afetividade, assim como o compromisso com a Educação, estão muito presentes na obra de Paulo Freire e pelo que vejo, foi por isso que encontraste esta identificação imediata 😊 Já vais poder conversar mais com teu filho sobre ele, né?
Como o professor Gadotti mesmo diz no livro, ele foi inspirado na “Pedagogia da Autonomia”, que foi o último livro de Freire antes do seu falecimento.
Se tiveres oportunidade, lê pois vais te encantar ainda mais, eu tenho certeza!
A Pedagogia da Autonomia é um livro que continua atual e necessário neste momento de incertezas com mudanças cruciais na nossa sociedade.
Eu costumo dizer que é a minha bíblia de professora, pois sempre que me sinto um pouco confusa, eu o consulto.
Olá a todos!
Li apenas o primeiro capítulo do livro. É um livro encantador. Quero conseguir ler mais.
Vou partir da citação colocada pela Leila.
O que Gadotti diz é muito relevante, principalmente quando pensamos na educação hoje em dia. Estamos vivendo numa época em que a tecnologia e as redes sociais mudaram completamente o jeito como as pessoas, especialmente os jovens e adultos, lidam com informação e aprendizado. Trabalho com alunos universitários e observo um cenário em que alguns alunos começam a esperar que os professores sejam uma espécie de "tiktokers" ou influenciadores digitais da educação.
Isso acaba gerando um baita desafio para nós, professores. Por um lado, existe essa pressão para que nos adaptemos às novas tecnologias e jeitos de nos comunicar, tentando "falar a língua do aluno" e fazer o conteúdo ficar mais fácil de entender e mais atraente. Isso pode significar usar jogos na aula, plataformas online ou criar conteúdos mais dinâmicos e visuais. Acho isso ótimo e procuro estar sempre atualizada e buscando coisas novas.
Mas aí a gente tem que se perguntar: até onde essa adaptação realmente funciona e faz sentido? É complicado encontrar um meio-termo entre fazer a aula ser interessante e manter o nível acadêmico que a gente precisa. Além disso, é importante lembrar que ensinar e aprender é uma via de mão dupla. Enquanto a gente se esforça pra se adaptar e inovar, os alunos também precisam aprender a lidar com diferentes formas de ensino, mesmo aquelas que não pareçam tão interessantes de cara. Tenho percebido cada vez mais que os alunos querem "gamificação", mas é necessário conhecimento também. O jogo em sala de aula, por exemplo, não é apenas um jogo.
O papel do professor, como Gadotti fala, vai muito além de só passar informação ou ser um animador de auditório. Ser professor é transformar informação em conhecimento, estimular o pensamento crítico e ajudar a formar o aluno como um todo. Isso significa que, às vezes, aprender pode ser difícil e exigir esforço do aluno. Tenho notado que esse esforço tem incomodado muitos alunos hoje em dia, partindo da minha realidade, é claro.
Outra coisa importante é que ensinar e aprender é uma troca. Os professores não só ensinam, mas também aprendem o tempo todo com os alunos. Essa interação rica é fundamental para criar um ambiente de aprendizado que realmente funcione e transforme.
Tenho pensando muito a respeito do nosso trabalho como professores; grande parte do que fazemos é entender e atender às necessidades e vontades de aprendizado dos nossos alunos. Isso não quer dizer fazer tudo do jeito que eles querem, mas sim buscar formas de motivá-los e envolvê-los, garantindo ao mesmo tempo que eles aprendam o que precisam. É um desafio e sinto dificuldade nesse equilíbrio delicado entre alunos que chegam despreparados e até mesmo sem vontade de aprender e manter o nível de ensino que a gente precisa para uma educação de qualidade.
Renata, acho que tocaste no ponto em que eu queria chegar nessa discussão! Nós professores, precisamos nos adaptar ao “novo mundo” com novas tecnologias, precisamos entender que a forma de aprender e até mesmo as necessidades de aprendizado mudaram. Não estão mudando, já mudaram!
O conteúdo está na rede, mas é preciso aprender a navegar para não naufragar na rede. Sendo assim, o nosso trabalho, hoje mais do que nunca, é de incentivar a leitura, a pesquisa, a escrita, a discussão.
Justamente a parte mais difícil do trabalho, não é mesmo?
Destaco a frase: “Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade.”
Ser professor hoje não é apenas transmitir conhecimento, mas transformar informação em conhecimento e em consciência crítica. Os educadores formam pessoas e buscam um mundo mais justo e saudável para todos.
Moacir Gadotti ressalta a importância de sermos conscientes e sensíveis ao nosso tempo, enfrentando os desafios que surgem. Ser professor é um papel fundamental para o futuro da humanidade, e os educadores são essenciais para transformar a sociedade.
Olá pessoal, boa noite.
Não li o livro todo ainda, mas já estou apaixonado pelo diálogo.
Vimos aqui colegas trazendo muitas perspectivas inspiradoras, agradeço a todos pelo presente.
Isso me trouxe em mente dois olhares: em primeiro sim, o sonho, a mudança, a paixão pelo educar e pelo aprender. Recordo das vezes em que um aluno ou aluna vinha até mim com os olhos brilhando de empolgação para conversar sobre alguma coisa nova que descobriram, ou algum caminho que decidiram seguir, influenciados pela experiência que tiveram com as minhas aulas. E que professor não se comove com isso? É de fato o fruto que os professores colhem pelas sementes que plantam, e então sabemos que estamos transformando futuros.
Cito a frase do livro: "Aprender e ensinar com sentido é aprender e ensinar com um sonho na mente."
Por outro lado, o primeiro capítulo também aborda traços da realidade, da desvalorização do professor. E hoje com as novas tecnologias surgindo (e também sendo usadas de maneira genérica em defesa da produção em massa e sem profundidade, muitas vezes para cumprir tendências), a realidade de ser professor, que já demandava destreza, criatividade e inovação, agora causa ansiedade e frustração, devido à falta de embasamento para uso e aplicação dessas mesmas tecnologias inovadoras.
Vejo muitos colegas cansados, adoecendo e até desistindo da carreira pela escassez de recursos e apoio, além das cobranças pesadíssimas. Mas da mesma forma vejo outros que acreditam, que sonham, que aguentam firme e se renovam, aprendem o novo e adaptam para também mudar a realidade do ensino, que há tempos não pode mais ser do modo tradicional como era antigamente.
Tem um discurso que sempre me ajudou a seguir em frente, e ele não veio de nenhum educador, mas sim de Sylvester Stallone no filme Rocky Balboa, que é uma baita história de superação. Ele diz:
"Deixe-me dizer algo para você que você já sabe: O mundo não é feito apenas de sol e arco-íris. É um lugar mau e desagradável, e não importa o quão durão você seja, ele vai te bater até que esteja de joelhos e vai te manter assim permanentemente se você permitir. Nem você, eu ou ninguém vai bater tão forte quanto a vida. Mas a questão não é o quão forte você bate, mas sim o quanto você aguenta apanhar e continuar seguindo em frente. O quanto você resiste e continua seguindo adiante. É assim que se vence uma luta!
Se você sabe o seu valor, então vá à luta e conquiste o que é seu!"
E isso reflete muito a luta diária de quem acredita na educação, e que somente por ela é que podemos ser "humanos mais humanos", para então vivermos em um mundo melhor.
Gosto muito de observar a natureza, e fico assombrado em como a vida consegue encontrar meios para persistir, como uma semente que consegue atravessar pequenas frestas no asfalto danificado até crescer ao encontrar a luz do sol novamente. Assim é a educação, procurando pequenas frestas na dura realidade para o florescer de um novo dia.
Para mim, hoje, ser professor significa ter esperança e ser resiliente, transformando os obstáculos em oportunidades de pensar fora do senso comum. Afinal, não podemos pensar em um mundo diferente se não ensinarmos diferente também.
A boniteza de ensinar com sentido não está livre de frustrações e é justamente por esta visão esperançosa, mas ao mesmo tempo realista que eu escolhi esta leitura para iniciar, sabe Caio?
Nossa profissão, assim como a sociedade, está passando por grandes mudanças e se por um lado continuamos sendo desrespeitados na sala de aula e continuamos vendo nossa profissão sendo sucateada, por outro, mesmo uma acessão dos profissionais que conseguem se adaptar às novas tendências e que assumem seu papel na educação online (através das redes sociais, por exemplo).
Como vês este fenômeno de professores se transformando em influenciadores e grandes estrelas aa internet?
Eu não acompanho muito as redes sociais, mas acompanho bastante lançamentos de cursos online por profissionais, que é mais a área onde estou envolvido.
Percebi uma mudança muito grande de rumo por parte dos interessados. Alunos preferindo buscar artistas renomados no mercado, que oferecem seus próprios cursos em plataformas online com oa Hotmart, ao invés de instituições de ensino mesmo.
Isso se dá por vários motivos, um deles é o modelo de aprendizado e velocidade de informação. Normalmente são alunos que estão procurando desenvolvimento para ingressar ou se aperfeiçoar no mercado profissional, então acaba valendo mais a pena um curso com Fulado de Tal que trabalhou X anos numa empresa bem sucedida, que vai ensinar de fato o que acontece no dia a dia e quais competências precisam ser desenvolvidas para atuar nessa área... do que um curso em uma escola, que vai levar vários meses pra concluir, e dependendo ainda vai ter um monte de disciplina que serve apenas para completar grade de curso, e que de fato não agregam muito para a profissão que o aluno quer seguir.
O marketing digital, os professores influencers, do ponto de vista de cursos profissionalizantes, virou a chave para esse tipo de "educação autodidata", e muitas escolas profissionalizantes hoje procuram se adaptar a modelos de negócio que consigam competir com o marketing de comunidade que rola hoje em dia. Algumas instituições conseguem um bom trabalho, mas muitas não.
Eu, particularmente, gosto do modelo de aprendizado por comunidade, justamente por estar aprendendo com artistas que eu já admirava antes de fazer o curso, então a conexão é maior, e a conexão joga a favor do aprendizado.
Não concordo com a afirmação que você destacou. Traz uma poesia necessária para encantamento da profissão, Acredito que as ações que cada professor provocam mudanças importantes.
No entanto, ele não é o centro do saber. Essa visão mágica de professor essencial (e eu concordo que ele é essencial) o transformou em um elemento de segunda categoria por ter recebido uma formação inadequada e romântica de escola, de educação e de criança.
Não gosto e não falo assim em minhas formações e quando leio professora sim, tia não, vejo com mais clareza, o trecho que você indicou.
Eu sei que é um recorte e que o autor vai “amarrando” as ideias ao longo do livro.
Eu acabei de voltar de uma formação com gestores, essas ideias estão fervilhando na minha cabeça.
Apesar dos belos trechos do livro, não terminei a leitura. Beijo 😘 grande no seu coração ♥️
Maria, eu também não gosto da romantização da nossa profissão, pois sei que é exatamente isso que abre espaço para a desvalorização. É quase como dizer que “somos tão necessários que devemos sacrificar a nossa vida por amor à profissão.”
Mas não é essa a direção do livro que, por sua vez, é um diálogo com a Pedagogia da Autonomia do Paulo Freire.
O que vimos é uma reflexão sobre o papel do professor na sociedade onde vivemos e como nós podemos continuar realmente relevantes e insubstituíveis.
No livro, Gadotti fala sobre a beleza de ensinar com sentido e não sobre de ser professor.
Contudo, minha escolha foi proposital, sabe?
Eu quis começar pelo reconhecimento, justamente para incentivar a leitura e a reflexão. Por isso, fico muito feliz que existem pensamentos divergentes, sem os quais, não existe reflexão verdadeira, não é mesmo?
Estás vindo de uma formação de professores: quais foram as tuas impressões sobre a motivação do grupo para participar da formação?
OI Leila,
Eu fiz uma leitura dinâmica do livro e percebi que ele traça um raciocínio em relação ao professor. Tanto que eu só me encontrei no capítulo 6 - Educar para uma vida sustentável. Os valores e saberes interdependentes:
1 -Educar para pensar globalmente.
2 – Educar os sentimentos
3 – Ensinar a identidade terrena
4 – Formar para a consciência planetária
5 – Formar para a compreensão
LI e reli esse capítulo.
Quanto a formação - o processo com os gestores tem sido exaustivo. A formação é presencial. E o grupo tem uma resistência muito grande em ser online. Inclusive minha parceira. Acredito que não estejam preparados para fazer uma formação online humanizada. Ninguém quer ficar na frente de uma tela recendo informação – mais do mesmo – ou seja, o ensino tradicional.
Estamos com o grupo há 2 anos. E trabalhamos muito a questão teoria e prática, a reflexão, sugestões de leituras, discussão de situações que ocorrem na escola. Vivenciamos uma metodologia de design participativo. Isso foi em 2023. Pediram par continuarmos em 2024.
Gostaria de ter colocado aqui um print da tela do processo de trabalho, mas não consegui anexar a imagem.
Esse ano discutimos os valores, as ações para colocar esses valores em prática na escola. Os tempos do cotidiano escolar, o espaço como terceiro educador e as relações.
O forte da formação desse ano é o trabalho em grupo. Discutir problemas comuns a todos, classificar os problemas em temas, dividir o grupo pelos temas comuns e a partir daí, aprofundar o conhecimento, sair do senso comum.
Muitas pessoas engajadas e, uma ou outra ainda pergunta quando a aula vai começar.
A história vai longe, mas tem sido bem produtiva. O problema maior é pensar em comunidade. Perceber que uma discussão geral sobre o tema FAMÍLIA, pode ser feita com todo o grupo e depois iniciar o envolvimento com a comunidade escolar e, nesse momento, traçar pequenas ações para iniciar um processo de resolução de problemas. Com calma e sem pressa.
Estamos nessa fase. Eu e minha amiga, exaustas. Heheheh Mas, esperançosas.
Leila, transformei a imagem em jpng.
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O mais do mesmo pode ser passado presencialmente também, não é mesmo?
Mas eu entendo essa resistência pois, ainda temos muitos cursos online focados somente na transmissão de conteúdo, assim como muitas formações e aulas presenciais?
Destaco o trecho: "Não basta saber como se constrói o conhecimento. Nós precisamos dominar outros saberes da nossa difícil tarefa de ensinar. Precisamos saber o que é ensinar, o que é aprender e, sobretudo, como aprender.".
Entender todo o processo envolvido faz parte de fazer um bom trabalho, pois enxergando de forma mais abrangente, podemos ajustar o ensino de acordo com o aprendiz, de acordo com a dificuldade que ele tem.
Na minha prática atendi uma senhora que já havia passado em outros profissionais e não conseguia se adaptar às orientações propostas. Ela tinha um pouco de dificuldade de ler, por ter aprendido a ler a poucos anos e por problemas na visão. Ela morava sozinha e precisava ajustar os horários dos remédios e alimentação, mas tinha uma ajudante que ia duas vezes na semana ajudá-la. Quando comecei o atendimento já fui buscando pelo relato dela o que eu precisava fazer, o que ela precisava mudar, e o que eu precisava adequar. Fui percebendo o que era mais fácil pra ela, o que era mais difícil e junto com ela fui criando uma rotina que fosse possível. Ela tinha uma boa memória, embora confundisse algumas informações, percebi que com a dificuldade de leitura e como ela aprendeu a ler já adulta, ela buscava memorizar o que falavam para ela conseguir fazer.
Ela não era uma aprendiz como outros que atendi, ela precisava de um ensino diferente também. Passei as orientações pra ela de duas formas, por desenhos e por escrito. Fui fazendo com ela um quadro de rotinas e acrescentando o que eu estava orientando ela ao que ela já fazia, como: ao acordar, tomar esses remédios (a médica fez os números na ordem dos remédios e colocou um sol e uma lua para o que ela precisava tomar de dia e de noite e fez uma lista com horários, assim eu só acrescentei na rotina dela o desenho e número de cada medicamento), coloquei um desenho de cama e uma menininha acordando, com o desenho de sol no fundo, coloquei o desenho de uma cartela de remédio com o número e o sol, o tempo que tinha que esperar para comer e o que comer. E segui assim com as próximas refeições..
A parte escrita eu quis enviar também porque se outra pessoa fosse cuidar dela, saberia as orientações.
Eu fiquei muito alegre quando ela voltou melhor por estar conseguindo seguir as orientações.
Quando eu li esse trecho de Gadotti eu lembrei dessa senhorinha que eu precisei ver além do conhecimento técnico. Ela me ensinou muito além disso (eu estava no começo da profissão) e me lembrei dela em outro trecho que Gadotti cita Snyders, "Só aprendemos quando colocamos emoção no que aprendemos. Por isso, é necessário ensinar com alegria."
Acrescento ao trecho inicial escolhido que precisamos dominar outros saberes (sociais, emocionais, comunicacionais, etc.), e deixo uma frase de Jung que sempre me acompanha: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”
Que experiência linda, Noemi. Muito obrigada por compartilhar com a gente.
Eu acredito muito nisso de aprender e ensinar com sentido e não consigo separar o ensino da aprendizagem, pois quem ensina, aprende todos os dias na prática, com quem aprende. Não é mesmo?