Como um texto com citações e ideias que antes eu nunca havia me debruçado a refletir, ele me foi difícil de ler. Por isso, ainda terei que retornar outras vezes para melhor comprender seus detalhes. Entretanto, ele me trouxe diversas questões e elucidações, dentre as quais compartilharei algumas aqui a título de cumprimento da tarefa, embora não obrigatória, muito pertinente:
- A formação de professores acontece de cima para baixo ou de fora para dentro, deixando de lado a participação do professor em sua própria construção. Quando ele vai para a formação prática, na verdade vai tentar reproduzir o que aprendeu e isso perpetua, muitas vezes, o tradicionalismo no ensino. Não há espaço para reflexão, contextualização ou problematização do fazer do professor. Realmente, vejo que quando vamos para a sala de aula, falando de ensino regular, somos engolidos pela profissão, não sobrando muito tempo para outra coisas. Mas também, como tenho o olhar do professor no mundo, fora das paredes da sala de aula, deste outro ponto me vejo liberta para produzir outras formas de aprender e ensinar, inclusive, levando para este movimento as experiências que só acontecem de forma individual a cada professor e que Nóva fala que podem servir de experiência para outros, mas que são vivências únicas.
- Sobre a temática do nosso curso: as competências do professor, Nóvoa não entra nesse mérito, inclusive diz que não lhe interessa listar as capacidades, competências ou saberes que os professores devem possuir, pois para ele são de pouca utilidade. Mas afirma que o conhecimento profissional docente é um terceiro gênero e explica isso de maneira detalhada. Digamos que andamos neste curso de forma paralela ao que Nóvoa traz em seu texto. Não acham?
- Outro ponto relacionado ao nosso curso encontro-o no trecho em que fala: "Não se espera dos professores que cuidem apenas da melhoria das escolas e do ensino, mas que se envolvam, também, numa reflexão e ação sobre o ue deve ser o futuro ou os futuros da educação." (NÓVOA, 2022, p. 16) Neste sentido é, claramente, o que estamos fazendo aqui, no curso. Ao refletir sobre o professor onlife, estamos discutindo um professor do futuro e dado a globalidade do online, passamos a ser cada vez mais "profissionais publicamente comprometidos".
O texto é riquíssimo, muito mais teria a trazer, porém, acredito já ter feito aqui a minha contribuição para nossa discussão.
Olá, Adriana!
Concordo com você em muitos aspectos. O artigo é denso e eu precisaria fazer várias leituras para compreendê-lo em sua totalidade e confesso que fiz uma leitura rápida.
Sobre a formação de professores, você tocou em um ponto crucial: a falta de participação do professor em sua própria construção. Nóvoa (2022) critica essa visão tradicional e defende que o conhecimento do professor, construído na prática e na reflexão, deve ser o ponto central da formação. Assim como você, também sinto que a correria do dia a dia muitas vezes nos impede de refletir e inovar. Concordo também com sua observação a respeito do professor ter um olhar para o mundo fora da sala de aula. É nesse espaço que vamos poder construir novas formas de aprender e ensinar, e compartilhar nossas experiências únicas, como Nóvoa sugere.
Um ponto que me chamou atenção no artigo foi o fato de Nóvoa parecer criticar a tecnologia de certa forma. Ele mencionou as "tecnologias" e "tutores" como exemplos de uma visão equivocada do futuro da educação, que dispensaria o papel do professor, mas não se aprofundou em uma discussão sobre o uso da tecnologia na educação, focando seu argumento na importância do conhecimento profissional docente e na necessidade de valorizá-lo na formação de professores.
Discordo dessa visão e acredito que a tecnologia, se utilizada de forma ética e consciente, pode ser uma grande aliada na construção do conhecimento profissional docente. Aqui em nosso curso sobre aprendizado onlife, por exemplo, estamos utilizando a tecnologia para aprofundar nossa formação, explorando novas formas de aprender e ensinar. A IA, em particular, tem se mostrado uma ferramenta poderosa, auxiliando na pesquisa, na análise de dados e até mesmo na geração de ideias.
Não é interessante para nós, docentes, temer a tecnologia. Precisamos abraçá-la como aliada na nossa formação e no desenvolvimento do nosso conhecimento profissional docente. Afinal, como professores onlife, precisamos estar preparados para utilizar a tecnologia de forma crítica e criativa, em benefício da nossa prática pedagógica e dos nossos alunos. O que você e os colegas acham?
Queridas Adriana e Renata, que bom ler as colocações de vocês, pois a escolha deste texto (realmente denso e complexo) teve o objetivo de trazer um contraste coerente com o que estamos vivenciando neste curso.
Um dos aspectos que me encanta no trabalho de Nóvoa é, além da interdisciplinaridade de referências, a busca incansável pela valorização da nossa profissão.
Ele não nega que devemos nos adaptar e responder às necessidades da sociedade, mas alega que isso deve ser feito sem perdas para a nossa identidade profissional:
“O que estou a advogar implica mudanças profundas na organização da profissão docente e da formação de professores. A identidade profissional dos professores não pode ser diluída num conjunto de “figuras” (facilitador, colaborador, tutor…) que parecem trazer uma “linguagem inovadora” quando, na verdade, destroem o núcleo central da profissionalidade docente.”
Eu também vejo com muita estranheza essa tentativa de diluir o nosso papel na sociedade com substantivos “inovadores” pois, se é urgente nos afastarmos da ideia do “professor detentor de todos os saberes” também é urgente valorizar a nossa profissão com formação consciente, de qualidade, verdadeiramente profissionalizante e orientada para formar profissionais de sucesso no mundo digital e global 😊
Como vocês veem este aspecto?
Querem ao longo do tempo desqualificar a profissão de professor, querem diminuir sua autoestima, seu senso de importância, sua identidade (isto inclui os novos termos associados). Isto acontece, pois sabem o poder que um professore tem, ele pode não ser o detentor de todo o saber, mas seu saber é poder.
Exatamente. E desqualificarndo a profissão, fica ainda mais fácil de manipular o processo educativo.
Acabei de ler o texto e não achei simples também.
Entendo que temos que respeitar o professor em relação aos saberes que constrói.
Mas, temos que propor estratégias para que ele possa se relacionar consigo e com os outros.
As relações dentro da escola são muito difíceis. O posicionamento de dirtores e coordenadores nem sempre agregam confiança.
Tenho a impressão de que o conhecimento de forma geral, passa muito longe da escola e o professor não tem oportunidade para se sentir crescendo em conhecimento, sabedoria e resultados.
Maria, talvez por isso a necessidade, urgente, de repensar a formação de professores?
Excelente ponto, Leila!
Não somos os "grandes e únicos detentores de conhecimentos", mas concordo que a linguagem, em muitos casos, busca deixar menor o papel do professor. Se essa não é a intenção, parece-me, por conversas com outros docentes e em diversas formações, que esse é o entendimento. Há realmente uma "diluição" e "diminuição" do papel do professor colocando o aluno como o único construtor e detentor do seu conhecimento. Contudo, nada é construído sozinho e o professor possui conhecimento em determinada área, maturidade e habilidade para conduzir os alunos à reflexão.
A valorização da profissão docente passa também pelo reconhecimento e respeito da sociedade (que vejo diminuir, infelizmente). Precisamos nos posicionar como profissionais reflexivos, críticos e comprometidos com a educação de qualidade, e é necessário fortalecer a nossa imagem e a importância do nosso trabalho.
Acredito nisso que você diz, Renata.
Por mais que saibamos que os professores atuem, por vezes, como facilitadores, mediadores ou colaboradores para que os alunos protagonizem o próprio aprendizado, isso não anula o fato de que o professor é o professor, independente do modelo de atuação nas atividades em sala.
Compartilho das ideias que vocês trazem, Adriana, Renata e Leila.
Sobre a questão da tecnologia, é uma linha bem fina e delicada. Ao mesmo tempo que eu tenho visto iniciativas como este curso, ético, bem intencionado e preocupado com o progresso, por outro lado também tenho visto instituições que promovem qualquer uso de tecnologia, sem uma governança bem estruturada, apenas para "sair na frente" dos concorrentes, ou em casos do setor público, onde um município ou outro adota o uso de tecnologias a qualquer custo, apenas para visibilidade de políticos envolvidos.
Acredito que as discussões sobre a tecnologia nas escolas ainda vão longe, mas enxergo um futuro onde ela esteja presente nas escolas como ferramenta facilitadora do trabalho docente, e não como substituta ou sucateadora de conhecimento.
Por outro lado, para que isto seja possível, a transformação que vemos em Nóvoa deve ser algo a ser atingido.
Realmente, o texto é bastante complexo.
A questão da manipulação da educação, onde diversas teorias surgem, mas não vindas dos professores que realmente estão na lida diária com os alunos, com as dificuldades diárias nos processos de ensino e aprendizagem.
Os professores realmente precisam de constante atualização, mas não temos visto isso, pelo menos não na rede pública. Não há condições para que o professor se desenvolva (sob diversos aspectos, inclusive financeiro).
O desgaste da profissão docente vem se intensificando nas últimas décadas. O respeito que víamos há décadas, ficou somente na lembrança dos mais antigos.
O professor precisa ter domínio de diversos conhecimentos: da própria área de estudo, dos métodos pedagógicos, do conhecimento do currículo e a sabedoria de implementá-lo, das características e necessidades individuais de cada grupo de alunos, além de conhecer o contexto social, cultural e político em que a escola está inserida. E relacioná-los entre si. Uma tarefa complexa que exige criatividade e reflexão.
São necessárias mudanças profundas nos processos de formação de professores. E isso é mais do que urgente. Às universidades cabe grande responsabilidade, enquanto formadoras de novos professores.
O autor faz propostas para melhorar a formação dos professores, através de algumas estratégias, como estimular a reflexão crítica sobre sua prática de ensino em sala de aula, onde se busque soluções para problemas que porventura se apresentem, troca de experiências com colegas, compartilhando estratégias e soluções possíveis.
E, como deveria ser obvio, mas não o é na prática, o desenvolvimento contínuo. Os professores, creio eu, estão cansados, de salas superlotadas, de desrespeito inclusive por parte das autoridades educacionais, de jornadas extensas, de excesso de trabalho, além dos problemas socioculturais da escola. Será que eles têm energia (saúde) e condições financeiras para para desenvolvimento profissional contínuo ao longo de suas carreiras?
Para Nóvoa, a formação de professores precisa ser repensada para que os professores desenvolvam as competências necessárias para serem profissionais reflexivos, autônomos e eficazes. E sim, isso é mais do que necessário. Difícil que ocorra de forma assertiva com tantos interesses externos ditando regras e tantos retrocessos que temos assistido.
A autonomia de que tanto queremos para os estudantes, profissionais e cidadãos do século XXI, não parece ser bem-vinda na formação de professores, não é mesmo?
Tenho notado que, com a aceleração das inovações em TICs, o foco tem sido em preencher (se possível) as lacunas com formações para uso de ferramentas, sem que aja uma preparação para o uso dessas ferramentas de forma crítica e eficiente pedagogicamente.
Aliás, até a escolha das ferramentas digitais que serão utilizadas é influenciada por fatores externos à utilidade pedagógica, não é mesmo? 😊
É verdade. O discurso se dissocia da prática muitas vezes.
Eu tenho duas formações por ano, obrigatórias, sempre com o discurso de que os professores devem e precisam implementar metodologias ativas, usar novas ferramentas, mas sem exemplos, discussões e a preparação que você mencionou.
Também não levam em conta as especificidades de cada disciplina como se o que vale para um valesse para todos.
Acreditem: mesmo em um faculdade de tecnologia, há falta de tecnologia avançada e conhecimento por parte dos professores de áreas técnicas.